quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Dona Antônia

Dona Antônia

Não tenho foto dela, antigamente isso era coisa rara. Lembro-me de sua risada solta e frequente, falava praticamente rindo. Mãe de cinco filhos que se tornaram meus amigos de infância, adolescência e até hoje: Selma, Oscar (Neco), Ari, Sandra e Cassinha. Esposa de Seu Oscar, mestre-de-obras pernambucano mais ou menos brabo, mas que amolecia com o Flamengo e Nelson Gonçalves.

Gordinha como minha mãe, Dona Antônia era a nossa mãezona, dos que passavam quase todas as tardes no imenso quintal da sua casa onde havia duas mangueiras, uma com um balanço e outra onde subíamos para brincar de pique, de onde despenquei certa vez com galho e tudo. No verão, era pra lá que íamos esperar os primeiros pingos de chuva para ir jogar bola no campinho do lado – nos temporais, o plano era fingir de jogar bola, enlamear-se e chegar em casa sob esporros e/ou chineladas da mãe. Na adolescência, Dona Antônia não esquentava com as festinhas americanas com James Brown e música lenta ou, um pouco depois, com as rodas de violão e vinho ruim.

Na última vez que a vi há poucos meses, já com a saúde debilitada, sua memória estava boa e a risada permanecia.

Adeus, mãezona!