Converso em prosa

                                                A R G U I Ç Ã O
- Rodrigo, agora é a sua vez de responder! - Todos voltaram seus olhares para aquela quinta fileira de carteiras. Via-se, da esquerda para a direita, Paulo, Sônia e Ivete que, também sobressaltados, olhavam para Rodrigo num misto de desespero, cumplicidade e solidariedade.

- E todo mundo que estiver conversando na hora da explicação vai ser assim: pergunta valendo um ponto positivo ou negativo de acordo com a resposta. - tornou o professor com olhar altivo perante a turma. Não gostava de Rodrigo, aluno bom somente nas aulas de educação física. Outros professores também reclamavam no Conselho de Classe: “Esse negócio de craque na bola e burro na escola não dá pé!”, dizia Arnaldo, o mais piadista dos mestres, ex-sargento do Exército que ganhava a vida dando aulas de física em colégios e pré-vestibulares.

- Liga não. Essa matéria é fácil. Não viu a última prova? - cochichou Ivete que estava do lado de Rodrigo tentando acalmá-lo. Sentia por ele algo que não sabia explicar nem para si. Uma vontade constante des ficar perto de Rodrigo; era assim também com Paulo e com Sônia. Os quatro modificaram em muito seus comportamentos durante aquele ano. Na medida em que íam crescendo, tornando-se rapazes e moças, suas cabeças se modificavam. Foi assim com Sônia, que três, quatro anos atrás não podia ver Paulo que cutucava as coleguinhas e todas riam e cochichavam olhando para ele; sempre evitando-o nas brincadeiras coletivas. Paulo, por isso, também não gostava de Sônia, uma das mais ativas em gritar-lhe apelidos depreciativos. Paulo satisfazia-se interiormente ao perceber que os demais garotos não davam bola para Sônia, uma das mais franzinas da turma e branca feito neve. Agora - parecia incrível! - os dois, ao lado de Ivete e Rodrigo, só sentavam juntos; ele, mais maduro, se importando menos com os apelidos e respeitado por ser um dos melhores da classe; ela, bonita, de cabelos oxigenados, face sorridente e agora atraente como outras da turma. Sônia não ligava muito para os rapazes bonitões do colégio; gostava de ficar ao lado daqueles três, copiando, em revezamento com Ivete, os textos do quadro para Paulo, que não gostava de sentar-se na primeira fileira mesmo precisando.

​Ficavam ali, os quatro. É verdade que na turma existiam várias panelinhas; que Sônia e Ivete, assim como Paulo e Rodrigo, tinham outros colegas, que namoravam até; mas não era igual. Com os quatro dava sempre aquela vontade de não parar nunca as conversas, de ficar ali, juntos, mesmo sem conversar. Ivete contava das brigas do pai e da mãe causadas pelas bebedeiras cada vez maiores daquele militar encostado ainda novo, que tocava violão mas que ultimamente dera para bater na esposa e odiar a filha mais nova, a Ivete, porque esta, ao contrário de Júlia, não calava, sempre defendendo a mãe ou correndo nas casas dos tios e avós “fazendo escândalo à-toa”. Rodrigo falava do time de futebol que progredira com a sua entrada; falava também dos bailes e do sonho de ser militar. Paulo sempre tinha piadas, explicava aulas não entendidas pelos outros três e ouvia muito, principalmente a Ivete que, além dos problemas de casa, confidenciara-lhe certa vez, confusa, que recebera uma carta da menina da outra turma que dizia gostar dela. Sônia falava mais do namorado e das confusões que aprontava com a irmã. Juntos, falavam muito das músicas da época. Um dia, na casa de Rodrigo, ouviram “Easy”, do The Commodores, durante uma hora e só pararam depois dos berros da mãe de Rodrigo dizendo que não aguentava mais. Os quatro ali, nem se importando com o número cada vez maior de aulas vagas ou com eventuais notas vermelhas, pois o motivo maior de cada um acordar cedo, se arrumar e andar até o colégio não era o ensino e sim “os outros três”, os quatro.

- Rodrigo! Isso é ridículo! Não conseguir falar nada sobre minha pergunta... Menos um ponto na prova!

Ewerson Cláudio
​07 de janeiro de 1986



* * * * *


Colégio


INT. SALA DE AULA – DIA

Professor dá explicações numa aula de biologia. A sala está lotada e o BURBURINHO é grande.

PROFESSOR
(impaciente)
Gente, peraí! Assim não dá! Hoje vocês estão passando dos limites.

JOANA
Gelson, tivemos uma notícia terrível agora no recreio. A Luísa foi expulsa do colégio.

PROFESSOR
Como assim? A Luísa? O que ela fez? O que aconteceu?

Todos se voltam na direção de Joana.

JOANA
Ninguém sabe. Ela não veio à aula hoje. O bochicho partiu da secretaria.

FELIPE
Queremos ir conversar com o diretor, tipo uma comissão.

PROFESSOR
Está bem. Vamos fazer o seguinte. Vai um grupo pequeno lá e conversa com o Augusto. Enquanto isso, a aula prossegue normalmente. Quais são os alunos que vão?

O BURBURINHO volta. Algumas vozes se sobressaem.

ALUNO 1
Joana, você.

ALUNO 2
Acho que Felipe também tem que ir.

JOANA
Shirley, vem com a gente.

Shirley consente com a cabeça. Joana, Felipe e Shirley caminham em direção à porta.

FELIPE
Gelson, só mais uma coisa: como hoje juntaram a Patologia e a Contabilidade por falta de professor, acho que devia ir alguém da Contabilidade também. Dá mais força.

PROFESSOR
Tudo bem. Quem se habilita?

Leonardo se levanta.

LEONARDO
Professor, eu topo.

INT. CORREDOR EM FRENTE À SALA DO DIRETOR – DIA

DIRETOR (O.S.)
Abram a porta e entrem.

Os quatro alunos ENTRAM e ficam em frente à mesa do diretor, que está sentado. Na mesa, uns livros, uma agenda, uma folha solta em branco e uma bíblia. O diretor olha cada um dos jovens, detendo-se em Joana. Ele observa sua fina blusa de uniforme e o sutiã rendado; desce o olhar até a saia de pregas que pára no meio das coxas. Faz um gesto brusco, pigarreia e volta a olhar para os quatro, de conjunto.

DIRETOR
Pois bem, o que vocês querem.

Os alunos se entreolham e hesitam um pouco.

JOANA
Seu Gelson, ficamos sabendo que a Luísa foi expulsa. Queremos conversar com o senhor sobre...

DIRETOR
Nem adianta! Não vou discutir isso com alunos. Há uma hierarquia na escola e a decisão está tomada.

FELIPE
Mas, seu Gelson, o que aconteceu? O que ela fez?

DIRETOR
Ela me ofendeu! Ela me ofendeu!

Os alunos esboçam alguma reação, mas não conseguem interromper o diretor.

DIRETOR (cont.)
Eu sou um homem de bem, um homem de família, um homem de Deus. Não posso admitir a ofensa que sofri.

LEONARDO
Mas, seu Gelson, será que não houve um engano, uma precipitação? De repente...

DIRETOR
De repente o quê? Eu fui conversar com ela e ela me ofendeu. Ela me o-fen-deu!

O diretor se mexe na cadeira procurando algo sobre a mesa. Pega a bíblia com uma das mãos e começa a sacudi-la.

DIRETOR (cont.)
Eu tenho esposa e duas filhas. Dirijo essa escola há sete anos. Sou temente a Deus. Juro por tudo que é mais sagra...

A bíblia escapa de sua mão, voa sobre a mesa, bate numa das paredes e cai no chão. Os quatro alunos se entreolham contendo o riso. Há um silêncio durante alguns segundos. Shirley pega a bíblia no chão e a recoloca em cima da mesa. O diretor fica desconcertado e olha para baixo.

FELIPE
Seu Gelson, não sabemos os detalhes do que aconteceu, nem estamos duvidando do senhor, mas a Luísa é muito querida na escola e, além disso, tem passado por dificuldades em casa. Queremos que o senhor dê uma chance a ela.

DIRETOR
Chance? Ela ficou reprovada no ano passado; está há três meses sem pagar mensalidade e, agora, essa.

O diretor aproxima o tórax da mesa e baixa o tom de voz, movendo a cabeça para fitar cada um dos alunos.

DIRETOR (cont.)
Está bem. Luísa terá uma chance na seguinte condição: eu cancelo a expulsão dela se alguém de vocês assinar um documento se responsabilizando por todos os atos dela daqui pra frente. Essa é a condição. Quero ver quem topa.

O diretor continua fitando cada um deles, agora com olhar triunfante. Os alunos voltam a se entreolhar.

FELIPE
Eu assino, seu Gelson.

LEONARDO
Eu também assino.

JOANA
Eu também assino

SHIRLEY
Seu Gelson, eu também assino.


INT. ESCADARIA ENTRE UM ANDAR E OUTRO – DIA

Joana, Leonardo, Shirley e Felipe estão às gargalhadas. Sentam-se nos degraus.

FELIPE
Puta que pariu! Homem de Deus e a bíblia plaft no chão.

SHIRLEY
Dizem que a Selminha, da secretaria, é amante desse merda.

JOANA
Vocês viram como ele ficou me olhando?

LEONARDO
Os professores estão sem salário há dois meses, mas ele tem sítio e carro zero.

INT. SALA DE AULA - DIA

Leonardo pega na maçaneta, abre a porta e ouve-se um GRANDE RUÍDO das cadeiras se arrastando no chão no movimento em que todos fizeram para virar na direção da porta. Joana, Felipe e Shirley entram atrás de Leonardo e os quatro ficam encostados na parede perto da porta.

JOANA
Gente, o diretor voltou atrás e a Luísa vai continuar na escola.

A turma explode em comemoração. Alguns pulam de alegria. Todos se levantam e se abraçam. Gelson senta-se na mesa e sorri observando a grande algazarra.



Ewerson Cláudio



* * * * *




Da série “Juro que aconteceu!"

I
Uma pré-adolescente comentando seu desempenho nas provas finais:
<!--[if !supportLists]-->      <!--[endif]-->Pô, fiquei de recuperação em duas matérias: “ingrês” e...
<!--[if !supportLists]-->      <!--[endif]-->Português! - emendou Cabral, antes que ela terminasse a frase. Ela retrucou espantada:
<!--[if !supportLists]-->      <!--[endif]-->Como é que você sabe???

II
O cara pára no meio da estrada e liga para o amigo:
<!--[if !supportLists]-->      <!--[endif]-->Cara, to meio perdido para chegar aí no sítio.
<!--[if !supportLists]-->      <!--[endif]-->É muito fácil, é só seguir o fluxo.
Passam-se uns dez minutos e ele volta a ligar:
<!--[if !supportLists]-->      <!--[endif]-->Olha, já passou um escort, uma brasília, mas esse tal de fluxo eu não vi...




* * * * *



E s t a d o

Amava-se torrencialmente
Sobre nossos corpos
A felicidade inundava as ruas
E a liberdade carregava tudo

CCCChhhhoooovvvvííííaaaammmmoooossss

Ao batermos no chão
Misturávamo-nos uns aos outros
E, entrelaçados, escorríamos pelo asfalto
Até chocarmos com um obstáculo
E tomarmos novo rumo involuntário
Molhávamos tudo
Até evaporarmos, voltando para o céu

Agora estou sozinho

              N  
        e   
      b 
                  l    
  i    
               n      
                  o


Ewerson Cláudio



* * * * *



(Blog de leonino dá nisso - II)
Indaiá

D
ensas matas entrecortadas por rios rochosos que desciam as montanhas em sua busca instintiva pelo mar. Este era o habitat onde aquele povoado vivia. Seus deuses guiavam seus passos em busca da caça e do melhor plantio e, ao mesmo tempo, traziam-lhes as lembranças de além-mar. Memórias de festas, guerras, adoração e sofrimentos.

Assim era a civilização de Indaiá. Sua existência atemporal permitia a vivência simultânea de sensações ocorridas em épocas e lugares diferentes. Assim, carregavam a um só tempo a dor da escravidão, o livre correr na mata, os transes e a magia de suas festas e adorações. Indaiá era pai-mãe de todos. Seus filhos apaixonavam-se e reproduziam-se criando um povoado irmão.

Quidé, um filho de Indaiá, possuía características de animador e curandeiro. Divertia sua gente com causos misteriosos e trejeitos engraçados. Fazia remédios que curavam doenças e especialmente picada de cobras. Mas só dava o remédio quando o doente ainda tinha cura. Por isso não conseguira salvar sua mulher, que morrera ao dar à luz sua filha.

Ana era mulher guerreira. Enfrentou a morte do marido e da maioria de seus filhos. Saiu das verdes montanhas e caminhou até próximo do mar. Serviu a senhores para alimentar os filhos que restaram.

Mano, um filho de Ana, saiu de perto do mar e retornou às montanhas para cumprir sua promessa e casar-se com Clau, filha de Quidé, levando-a para perto do mar. Ao contrário do costume da civilização de Indaiá, Mano e Clau tiveram apenas um filho. Ao perceberem que seu filho tinha dificuldades para enxergar, abraçaram-se, olharam para o céu e invocaram a força de Indaiá, quando ouviu-se, então, uma voz entoando um canto que dizia: É ver som, ouvir o sol, cantar a lua...

Ewerson Cláudio


* * * * *

Frutos do mar
Provocam uma chuva
No céu da boca

Sabor amargo
Na ardência do cravo
Marca o doce
(QUINTAIS TROPICAIS, livro de haicais, de Moduan Matus)

Eu sinto a arte
Como se estivesse em marte
Pisando em ovos podres
Dos poderes humanos
E sobre humanos
Suburbanos corações
Vielas imundas da Lapa
Satã conhece
Ou pensa que sim
Pois só a verdade mente
Ah... ah... ah... ah... ah...
Ar ar ar arf
Arfante
(do livro POEMA CAÓTICO - escrito coletivo a 268 mãos, de Moduan Matus)  

Triplo parabéns a Moduan Matus: 25 de julho foi o dia de seu aniversário , comemorou-se o Dia do Escritor e houve um belo evento de lançamento de três livros do poeta e escritor iguaçuano. O Espaço Cultural Sylvio Monteiro esteve repleto de poetas, escritores, músicos, artistas plásticos e muitos amigos que foram prestigiar Moduan e Sil, sua poeta, companheira e autora das ilustrações em dois dos lançamentos

* * * * *

Jura

Eu tinha uns 13 ou 14 anos - ainda cursava o ginásio. Era um dia de sol forte e eu estava chegando da escola. Como sempre, vinha pensando no almoço, na televisão e nas brincadeiras na rua com os amigos. Quase em frente à casa do Neco, a uns cinqüenta metros de minha casa, Jura estava sentado num poste arriado no canto da rua, próximo à vala de esgoto. A rua ainda não estava asfaltada e a marca de pneus no chão em que não chovia há mais de uma semana formava trilhas paralelas que as pessoas - dentre elas, eu - seguiam quase que por instinto.

Ao me ver passar, Jura chamou-me e puxou conversa. Parei e sentei-me a seu lado. Jura devia ter pra mais de vinte e cinco anos. Trabalhava de biscates e vivia com uma moça de quinze anos, extremamente branca, já sem os dentes da frente, mas de corpo bonito e pernas roliças. A conversa era fiada e a perder de vista. Será que chove, futebol e etc., quando Jura perguntou ao mesmo tempo em que comentava:
- Cê tá no ginásio, né?
- Sim - respondi detalhando a série de que não me lembro mais.
- Eu também já estudei muito - tornou Jura, olhando vagamente com ar de quem mostra alguma superioridade.
- Ah, é? - indaguei sem maiores comentários para que não percebesse minha descrença.
- É, eu fiz engenharia - disse com os olhos grudados no firmamento.

Achei que foi um gesto corajoso de meu interlocutor e, como reconhecimento do gesto, prossegui conversa:
- Civil?
- Claro, claro! - e voltando-se para mim piscando os olhos como quem confidencia um segredo: - Esse negócio de militar nunca foi comigo!


Ewerson Cláudio

* * * * *

Fui ficando por aqui

Vim pra cá realizar um sonho
Mas o pesadelo foi tamanho
Que não consegui mais voltar
... E fui ficando por aqui

Não, seu moço
Não quero mais falar da terra natal
Quero só falar
De como aprendi a gostar daqui
Desse amontoado de casas mal-feitas
Onde antes era puro matagal

A casa inacabada
Se tornou melhor que o barraco
E o pau-a-pique do mato
E fui ficando por aqui
Nessa favela deitada

Vim pra cá realizar um sonho
Mas o pesadelo foi tamanho
Que não consegui mais voltar
... E fui ficando por aqui

Não, seu moço
Não me chame de preguiçoso
Nasci numa terra que já tinha dono
E por aqui não me mostraram
O caminho da igualdade
... só aquela imobiliária que vendia o paraíso

Ewerson Cláudio

* * * * *

Caquinhos de vidro

Noite.
Lua cheia.
Um copo cai no chão da cozinha.
Os cacos de vidro espalham-se pelo chão.
A lâmpada está apagada.


E
les passaram a morar juntos há pouco tempo. Tudo cheirava a novo na casa. A descoberta do outro permitia o acesso a um universo encantado para cada um. Cada detalhe, cada trejeito revelado em qualquer recanto do cotidiano era a descoberta de senhas que revelavam o mistério do planeta amor.
Estavam deitados no sofá da sala, embolados numa doce preguiça. A música de volume baixinho permitia ouvir o diálogo silencioso da troca de toques e olhares e da simples sensação do calor da outra pele.
Ao ouvirem o som de vidro partindo-se ao chão, levantaram-se calmamente e foram até a cozinha. A luz forte da lua cheia entrava pela janela e refletia os pedaços do copo no chão. Fragmentos cortantes, iluminados pela lua, formavam um rastro luminoso.
- Olha que lindo! Os pedacinhos menores parecem a Via Lactea...
A lâmpada continuou apagada. A caixa de papelão da geladeira nova foi colocada ao lado das estrelas, que receberam o calor das fantasias de amor. Uma gotinha de sangue do pequeno corte no dedo serviu para a celebração de mais um pacto de amor eterno.

* * * * *

S
empre que eram perguntados há quanto tempo estavam juntos, tinham que fazer os cálculos. Havia a certeza do amor, mas não mais a certeza da disposição de cultivá-lo. Mesmo as coisas novas que aconteciam já entravam em suas vidas com o gosto e a sensação de coisa já conhecida, já desvendada.
Estavam na sala. Um no sofá, outro na poltrona. A TV estava ligada por hábito, sintonizada num programa que não prendia a atenção de nenhum dos dois. Era um acordo tácito para se fugir da novela ou do futebol.
Ao ouvirem o som de vidro partindo-se ao chão, ele permaneceu imóvel e ela deu um pulo sobressaltada. A luz forte da lua cheia entrava pela janela e refletia os pedaços do copo no chão. Fragmentos cortantes, iluminados pela lua, formavam um rastro luminoso.
- Puta que pariu! Tem vidro por todo lado...
Acendeu-se a luz. A caixa de papelão da geladeira nova serviu de pá para recolher os cacos de vidro do chão. Uma gotinha de sangue do pequeno corte no dedo serviu para mais uma discussão sobre de quem era a culpa por se guardar as coisas no lugar errado.

Ewerson Cláudio

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